TEATRO
A palavra TEATRO deriva do grego THEATRON que significa "o que se vê"...
Apesar da origem etimológica da palavra TEATRO ser grega, o que é certo é que, pelo menos, mil anos antes da tragédia grega surgir, já o “TEATRO” tinha sido inventado no Egipto, existindo, inclusivamente, fragmentos de textos dramáticos que remontam à 18ª Dinastia (cerca de 1400 A.C.).
"Historicamente" não é fácil definir a origem do “TEATRO” uma vez que as representações teatrais remontam à mais alta antiguidade, e nos faltam registos históricos que comprovem o momento da sua criação.
Sabe-se que nos tempos que, habitualmente, apelidamos de "pré-história" os homens praticavam rituais mágicos e cerimónias religiosas de complexidade semelhante a algumas encenações teatrais (alguns autores não consideram que esses rituais, tal como uma Missa, já pudessem ser considerados “TEATRO”);
No entanto, de acordo com os actuais conceitos, podemos admitir que o jogo mimético e as danças rituais das civilizações ditas "pré-históricas" seriam já uma forma “embrionária” do que viria a ser o “TEATRO”.
Na Ásia, como provavelmente em muitos outros locais, o “TEATRO” teve origem nas danças rituais e ter-se-á desenvolvido através do Teatro de Sombras e de Bonecos.
Na Índia a lenda atribui ao próprio BRAMA a construção do primeiro TEATRO.
O Teatro Hindu influenciou todo o Oriente, da Birmânia a Java, do Indostão à China e à Indonésia, e da Pérsia à Turquia.
Na China as primeiras representações teatrais surgiram em forma de bailado e representavam os movimentos dos astros, a origem mitológica da criação do Mundo e perpetuavam a história da chegada dos "deuses" ao planeta Terra.
Na Grécia, as primeiras representações teatrais surgiram ligadas à celebração dos Mistérios de Eleusis que, por seu lado, eram uma "imitação" do Culto de Osíris no Egipto.
O TEATRO na Grécia, originalmente, teve também, e de acordo com as concepções cosmológicas daquela civilização, a função didáctica de perpetuar conhecimentos astronómicos e, uma vez mais, a história dos "deuses".
Assim, no início, "TEATRO" e "RELIGIÃO" parecem surgir quase em simultâneo e estreitamente relacionados, pelo que parece licito afirmar que, se um não derivar do outro, no mínimo, terão ambos uma origem comum.
A própria palavra Tragédia (do grego "tragodia" - tragos = bode; odia = canto) esteve inicialmente relacionada com um ritual em honra do sacrifício de um bode (o bode expiatório, cuja morte/sacrifício, tal como um Cristo, redimia os pecados dos homens)
Das celebrações em "circulo aberto" perante uma audiência participante, aos Anfiteatros gregos e romanos ao ar livre, e posteriormente cobertos, as representações teatrais perdem, através dos séculos, o seu conteúdo místico e religioso e transformam-se em espectáculos com características essencialmente lúdicas, e de crítica social e política.
Na Idade Media, a Igreja Católica, alicerçada num rigoroso sistema Aristotélico, impõe uma nova concepção teatral surgindo, assim, os "Mistérios" e as representações da vida e da paixão de Cristo.
Com o Renascimento e com a decadência da mística religiosa, as imagens realistas substituem as hieráticas e a sátira impõe-se.
No Século XVI surge, em Inglaterra, um dos maiores vultos mundiais da história do Teatro - William Shakespeare.
“Autor” (?), Encenador e Actor das “suas próprias” peças, Shaskespeare (ou o secreto autor que para ele escreveu), revoluciona a construção da intriga dos textos, faz uma análise perspicaz das contradições da sociedade Isabelina e continua sendo actual pelos temas que tratou e que se mantêm bem vivos nos conflitos da sociedade de hoje.
Entretanto em Itália surge um novo estilo que se perpetuou até aos nossos dias com enorme sucesso.
Os italianos inventam a perspectiva cénica e a "Commedia all' Improviso", também chamada "Comedia del' Arte".
O Palco à Italiana é uma invenção de tanto sucesso que ainda hoje o utilizamos pelas inúmeras possibilidades técnicas e artísticas que nos permite levar à Cena todo o tipo de textos e de Espectáculos.
Suceder-se-ão inúmeros Autores, diferentes Estilos, Técnicas e Escolas mas será, cada vez mais, a Encenação e a Direcção de Actores que marcarão o rumo do novo TEATRO.
A necessidade de comunicação, e de organização, num tão vasto universo de Artes e de Ofícios levou os profissionais do TEATRO a desenvolver uma linguagem e regras próprias.
Assim, termos como Urdimento, Teia, Régia, Bambolina, Bidunga, ou ainda Dar Cena, Cortar a Figura, Mutação ou Deixa, entre tantas outras, correspondem a designações técnicas que qualquer profissional de TEATRO tem de conhecer.
Originalmente o TEATRO era um espectáculo no qual a palavra, o gesto, o canto, a música e a dança constituíam um todo, no entanto, ao longo dos Séculos, desenvolveram-se vários géneros podendo, hoje em dia, considerar-se os seguintes:
Teatro Declamado (Teatro falado - aquele que usualmente apelidamos de Teatro);
Teatro Lírico (Teatro cantado - Ópera);
Teatro Mimico (Teatro gestual - Mímica);
Teatro Pantomimico (Teatro gestual, embora possam ser usados alguns sons, sonoplastia, cenários e adereços - Pantomima);
Teatro de Bonecos (aquele em que os personagens são representados por Bonecos, Objectos ou Formas Animadas);
Teatro de Revista (Teatro composto por uma sequência de vários quadros diferentes, geralmente de critica social, unidos por um “compére” );
Teatro Circo ou Teatro Circense (Circo - Espectáculo de artes diversas no qual podem estar incluídos vários géneros artísticos e acrobáticos, em simultâneo, como Malabaristas, Ilusionistas, Cantores, Domadores de Feras, Trapezistas, Mimos, Palhaços, Contorcionistas, etc.);
Teatro Coreográfico (Ballet);
Teatro de Variedades (Teatro Musical);
Hoje em dia procura atingir-se ou, quem sabe, “regressar”, ao TEATRO TOTAL no qual sejam utilizados todos os meios de comunicação como a declamação, a música, a mímica, o canto, a dança, diaporamas, cinema, vídeo, holografia, informática, etc. (Teatro Multimédia).
Os quatro principais géneros dramáticos são:
A Comédia (alegre, jocosa, crítica);
A Farsa (burlesca e muito crítica);
O Drama (sério e comovente);
A Tragédia (muito séria, grave e que desperta o terror e a comiseração).
Um Espectáculo de Teatro é constituído por diversos elementos, instrumentos e áreas, entre os quais podemos destacar:
- O Texto (a Peça ou Guião);
- A Encenação (a Arte de pôr em Cena um texto e de marcar os movimentos dos Actores);
- A Cenografia/Adereços (a Arquitectura Cénica, o desenho e a construção dos Cenários e Adereços – geralmente com o apoio dos Carpinteiros e Cenaristas);
- O Guarda-Roupa/Figurinos (criação e confecção do vestuário dos Actores);
- A Sonoplastia (os efeitos sonoros, a música de fundo, a Banda Sonora);
- A Luminotecnia (a iluminação da Cena);
E, evidentemente...
- Os Actores (aqueles que representam e que, em Cena, dão vida aos personagens e sem os quais os Espectáculo não é possível).
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